quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

António Aleixo faz hoje anos

António Aleixo nasceu em Vila Real de Santo António a 18 de Fevereiro de 1899, pelo que completaria hoje 110 anos. Apesar se ser quase analfabeto é o maior poeta popular do século XX.
Os seus poemas foram, na grande maioria, transcritos por Joaquim de Magalhães, professor de português.
Teve uma vida de pobreza e trabalho: foi tecelão, ardina, pedreiro e emigrante em França. No final da vida errava pelo Algarve a vender lotaria e a fazer quadras de improviso até que a tuberculose o consumiu.
Este homem do povo não se coibiu de ter as suas opiniões políticas e era um crítico da igreja católica. Talvez por esta razão não quis ter qualquer cerimónia religiosa no seu enterro, em 1949. Legou-nos as suas quadras, autênticas lições de vida, que se mantêm actuais e têm inspirados alguns músicos do nosso país.
Conta-se que um dia, quando andava a vender cautelas no Café Aliança, em Faro, discutiu-se na mesa dos "doutores" se se havia de chamar, como habitualmente, o Aleixo para "fazer umas quadras". Mas um dos ricaços, incomodado pela aprência miserável do poeta, terá dito:
- Hoje não, que o Aleixo parece um ladrão! - e sorriram os companheiros de mesa pela rima do ricaço.
Entretanto, na mesa ao lado, terão chamado o Aleixo para improvisar umas quadras. António Aleixo já estava, nesta altura, visivelmente consumido pela tuberculose, sendo que a sabedoria popular diz que o tuberculoso (ou tísico) apura o sentido da audição. Então o poeta, chegando-se a essa mesa, terá feito a célebre quadra:
"Sei que pareço um ladrão,
Mas há muitos que eu conheço,
Que sem parecer aquilo que são,
São aquilo que eu pareço."

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