quarta-feira, 25 de março de 2009

Um texto do Professor Parrinha

Ainda a propósito da nossa exposição comemorativa do dia do mar, aqui deixo um excerto de um texto do professor Parrinha. É apenas o início, já que a sua versão completa estava na exposição:

O que diz a gota de água ao grão de areia?
O que diz o grão de areia à gota de água?

gota de água - De onde vens ó grão de areia?
grão de areia - Venho do mar e sou levado pelo vento.
gota de água - Não pode ser pois esse é o meu fado... Eu é que venho do mar e sou levada pelo vento. A estrela mãe liberta-me da minha manta, molécula a molécula e o vento vindo veloz cria-me no farto frio do céu.
grão de areia - Eu venho do fundo da terra, onde o calor me moldou e o tempo criou esta transparência perfeita pura e cristalina, tenho no sol o meu aumento e o meu brilho. E tu? Que és, que ofereces?
gota de água - Ofereço da luz todas as cores que se concentram em ti. E das cores te dou o sorriso do céu.
Sou vida, sou alegria, sou dor...
Sou o mar...
Sou o céu...
Sou o ar...
Sou o par...
E tu o que és?...


(...)

Joaquim Parrinha

quarta-feira, 18 de março de 2009

Na nossa Biblioteca:

"O Mar em exposição"
Está patente na nossa biblioteca uma exposição alusiva ao Dia do Mar. Trata-se de uma mostra de fotografias (muito belas, por sinal!) do fundo do mar. A exposição está também enriquecida com diversas conchas, carapaças, corais, esponjas, alcatruzes e equipamentos que pertencem ao nosso professor Joaquim Parrinha, que gentilmente nos emprestou para colocarmos neste espaço. Trata-se de uma colecção riquíssima que tivemos o privilégio de fruir antes de a mesma ir para a feira da Juventude em Sines. A ele e à professora Fátima Castelo, que colaborou acivamente nesta exposição, o nosso muito obrigado.

Deixamo-vos com algumas das fotografias do professor Parrinha:






“Dia do mar do meu quarto – cubo

Onde os meus gestos sonâmbulos deslizam

Entre o animal e a flor como medusas.

Dia do mar no ar, dia alto

Onde os meus gestos são gaivotas que se perdem

Rolando sobre as ondas, sobre as nuvens.

Dia do mar no ar”

Sophia de Mello Breyner Andersen

terça-feira, 10 de março de 2009

Livro para (começar) a LER...


Agora que os dias estão maiores, por que não aproveitar para "pôr a leitura em dia"?
O "vendedor de sonhos" pode ser um ponto de partida. Talvez este excerto vos desperte a vontade:
«Enquanto se desenrolavam esses acontecimentos no alto do edifício, apareceu sorrateiramente um homem no meio da multidão, pedindo passagem. Aparentemente era mais um caminhante, só que mal vestido. Trajava uma camisa azul de mangas compridas desbotada, com algumas manchas pretas. E um blazer preto amassado. Não usava gravata. A calça preta também estava amassada, parecia que não via água há uma semana. Cabelos grisalhos ao redor da orelha, um pouco compridos e despenteados. Barba relativamente longa, sem cortar há algum tempo. Pele seca e com rugas sobressaltadas no contorno dos olhos e nos vincos do rosto, evidenciando que às vezes dormia ao relento. Tinha entre trinta e quarenta anos, mas aparentava mais idade. Não expressava ser uma autoridade política nem espiritual, e muito menos intelectual. A sua figura estava mais próxima de um desprivilegiado social do que de um ícone do sistema.
A sua aparência sem magnetismo contrastava com os movimentos delicados dos seus gestos. Tocava suavemente os ombros das pessoas, abria um sorriso e passava por elas. As pessoas não sabiam descrever a sensação que tinham ao ser tocadas por ele, mas eram estimuladas a abrir-lhe espaço.»

8 de Março- Dia Internacional da Mulher



Para cada Mulher, aqui fica a nossa lembrança:

«nos momentos de incerteza
quando apetece fugir
e desistir da viagem
quando cansado de tudo
me sento à beira da estrada
e adormeço a coragem
são os teus gestos
mulher
que me chamam
para a vida
e sinto de novo a fúria
de desenhar um país »